quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Mel não combina com sal

A melancolia é pontual. Aguarda as horas mais quietas do dia para enroscar no pescoço da gente a impedir o ar. Mudem os dicionários pois não está justo levar mel no nome um sentimento que salga as vistas e amarga a boca.

Adianta os relógios, esconda o choro. Mas melancolia não falha. Roda lembrança remasterizada e recolorida. E quem disse que escapa de dar uma espiada?

Ai, melancolia, dá um tempo. Hoje, eu só preciso estudar estatística. Nada de saudades ou lágrimas que eu ainda preciso lavar a louça. Nada de vontade de gritar,tenho que estender a roupa. Nada de deprimir que amanhã levanto para trabalhar.

 Tropeço em você pelas ruas de mão estendida a agarrar minhas pernas a tropeçar. E me pego falando de você, sem ninguém para conversar. Meus pensamentos dublados, é você sem nenhum talento.

Só me resta escrever, escrever, escrever. Para separar o sal e só sobrar o mel do que é, e não do que poderia ter sido.

Vai te catar, melancolia!

2013, o ano da pedreira

2013, o ano da construção, destruição, reconstrução. Cansei dessa vida de mestre de obras. Que venha 2014, com campos limpos verdejantes e a vista que alcança longe.

Menos expectativas e mais paz, são os meus votos! Menos engenharia e mais decoração.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Análise morfológica

Alguma horas no hospital são sempre hipérbole, carcinoma classifico de eufemismo, retirada com margem de segurança é metáfora.

sábado, 14 de dezembro de 2013

Tortura

“Saudade é amar um passado que nos machuca no presente. É uma felicidade retardada. É deitar na rede e ficar lembrando das ardentes reconciliações depois de brigas homéricas por motivos desimportantes. Sente-se falta de detalhes, como uma toalha no chão, dias chuvosos, da cor dos olhos. A saudade só não mata porque tem o prazer da tortura.”

Gabito Nunes

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Na tempestade

Tanta falta sentida, tanto sentimento doído. Não sobra espaço para ser nada mais. Só para despedida. Cada sentimento bom tento apagar com pesar com memórias ruins. Uma demão de motivos para apagar a saudades, que fica ainda marcando por detrás da tinta. Um bolo de massa para fechar o buraco dessa falta.

E a gente ainda tenta sorrir e dizer bom dia. Tenta seguir respirando ainda que o peito pese. Luto, deveria ser luta. Sobreviver e se transformar. Entender as decisões e seguir o caminho.

Os dias tem ficado mais difíceis. Espero que depois da tempestade desses olhos que nunca secam... melancolia. Sinto falta daqueles cheiros e daqueles planos.

Mas só posso desejar que eu me sinta menos tão sozinha, que ao menos acredite que alguém se importa. Que ao menos um dia eu possa ter sido relevante e ter feito a diferença em alguma vida, mesmo que por um minuto.

Despedida de Las Vegas

Horas críticas, dores cítricas... Falta açúcar, colo e sobra manha. Quero sono, que não traga sonhos.

Apostaria meu destino em Las Vegas, mas não deu tempo de chegar. Perdi por aqui mesmo. Sem todas aquelas luzes e o Elvis de peruca cantando.

Love me tender, love me sweet.
Never let me go.

Sequer recolheram as fichas. Sua aposta insignificante, questões burocráticas que a gente vê depois.

You have made my life complete,
And i love you so.

Quem apostaria em tal sonho?  Let me go, so incomplete.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Um Rosa, sonhos cor-de-rosa

"Todo caminho da gente é resvaloso. Mas também, cair não prejudica demais A gente levanta, a gente sobe, a gente volta!... O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. Ser capaz de ficar alegre e mais alegre no meio da alegria, E ainda mais alegre no meio da tristeza..."
 Guimarães Rosa

E assim, a gente teima continuar sonhando. Mesmo quando a vida insiste em ser resvalosa e ingrata.

Alto grau de pieguice emocional, mas, confesso que eu continuo achando lindo o amor... bicho burro!!

domingo, 8 de dezembro de 2013

Liquidando

Crise de ansiedade no supermercado.  Não está na gôndola, mas a gente encontra.

Sobrevivendo ao cotidiano, por que ainda não existe reality show a respeito? Primeiro episódio, com sobreviver a uma ida ao supermercado em meio a uma depressão. Todas aquelas famílias planejando o almoço de domingo e você planejando sobreviver até a próxima segunda-feira.

sábado, 7 de dezembro de 2013

Socorra-me

Ainda há pouco, voltei dirigindo para casa. São Paulo toda vestida de Natal.  E apesar de pieguice, atrás de cada luzinha, creio que exista uma intenção feliz. E me vi mais miserável por estar tão vazia. Aqui, ainda é quaresma.

A vida segue como um filme tedioso e repetido. As mesmas esperanças perdidas. A mesma casa vazia.  As mesmas dúvidas.  Onde foi que eu errei? Uma enorme saudade, apesar dos pesares. 

Será que tenho que simplesmente aceitar que é sozinha que eu devo seguir? Nada de sonhos estúpidos de família e tranquilade. Afinal, esse desejo só me trouxe dor e desencanto.

Tenho vontade de gritar ou chorar até me desfazer.  Deixar de existir eu adoraria, pois assim quem sabe desapareceria também toda essa dor que não cabe em mim.

Hoje, se eu pudesse, só pediria socorro. Socorro!! Socorro!! Alguém me responda.  Por que tem noite que custa a passar na gente. 

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

A saudade mata gente

Saudades deve ser um vírus. Ataca silencioso, mata devagar e dolorosamente. Um machado afiado a lascar pedacinho de gente.

Nunca mais vai me deixar descansar. Não vai permitir que eu sorria. Vai manter meu ar rarefeito. Vai consumir as melhores horas do dia. 

Minhas olheiras marcam saudades. Cada dor do meu corpo tem seu nome. Faz cair meus cabelos.  Ranger meus dentes.

A saudade vai me acabar. E eu peço, me acaba com você por que saudades dói, e eu só preciso que passe.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Mané

No fim, você constata que é apenas um idiota útil.  Depois de utilizado, é apenas descartado em lixo comum. Independente do seu esforço ou amor, embalagem, depois de usada, não é sequer retornável.

O problema é ser descartado tantas vezes e acabar acreditando que seu lugar é no lixo mesmo. 

Ninguém deveria sentir-se assim, mas, na sociedade da fila anda, pegue seu  banquinho e saia conformado.

Perdeu de novo, playboy. E que talento eu tenho para perder!

domingo, 1 de dezembro de 2013

Disque-renúncia

Procura-se sentido novo em palavras antigas.  Recompensa-se bem por qualquer descoberta.

Releio centenas de vezes as mesmas mensagens, como, se ao insistir, elas pudessem me dizer algo diferente.  Mas elas me dão as mesmas respostas triviais.

A história deixada se resumiu em SMSs, Whatsupp e e-mails banais.  Quer que eu passe na padaria? Meu dia está osso. A conta do celular. Mais uma briga. A troca do chefe. Uma gracinha. O resultado da prova.

E um simples clique, delete. Renunciamos a tudo aquilo que a gente não escrevia. Por que do que importava agora só restou palavra.

Tolo, bixuruco, funcho, do manhado... Vão-se as  pessoas, ficam as palavras doendo até se calarem.

Eu como ele...

Desencanto
Manoel Bandeira

Eu faço versos como quem chora 
De desalento. . . de desencanto. . . 
Fecha o meu livro, se por agora 
Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue.
Volúpia ardente. . . 
Tristeza esparsa... remorso vão... 
Dói-me nas veias. Amargo e quente, 
Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca, 
Assim dos lábios a vida corre, 
Deixando um acre sabor na boca.
Eu faço versos como quem morre.