sexta-feira, 15 de junho de 2018

Entrelinhas

Ao longo anos, usamos sem nenhuma solenidade, o que temos aprendido a praticar com tanta reverência. Talvez eu tenha dito algumas vezes, mas lembro das vezes que me surpreendi com declarações casuais.

Na primeira vez, eu fazia xixi com a bunda de fora, numa noite estrelada de uma praia uruguaia. E enquanto o vento espalhava o fluxo longo, levou também suas palavras curtas - eu te amo. Outra vez, enquanto eu enlouquecia com o capacete apertando os meus ouvidos, você articulou as três palavras. E eu ri. Num afundar de sofá, agarrados, um sussurro mais uma vez bem baixinho.

E assim, eu aprendo. O amor mora nas entrelinhas. No silêncio, entre as gargalhadas. Na pausa, antes de mais uma estocada. No instante antes de você abrir os olhos para eu te desejar bom dia. 




Obrigada à inspiração flanante de http://borboletasnosolhos.blogspot.com/ 




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