sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Adeus meu docinho de goiaba

Não sei por que você gosta tanto de roupa preta. Ouvi minha avó, enquanto me olhava no espelho. E vi uma saudade ainda fresca por sua partida. E assim, um rosário de suas falas se repetiram na minha lembrança. Por que você não corta um pouquinho esse cabelo? Gosto de te ver de saltinho.

Vão as pessoas, ficam as palavras,  ecoando no vazio que elas deixaram um dia. Queria encontrar um jeito de arrumar tanta palavra querida. Dispor em vasos mesmo aquelas que racharam. E pendurar em bonitas molduras toda palavra que me foi cara.

Vó, suas palavras guardaria na cozinha. Docinhos de goiabinha, bolinhos de carne, minha casa, pãozinho com molho, xicarazinha de água de arroz, o Rafa era bonzinho, nêga, Daniel era triste, panelinha de ferro, gelinho de laranja, seu avô, minha neta.

Desculpe, vó,  se eu misturo suas palavras às tantas gulodices deliciosas que você fazia. Mas onde eu mais gosto de imaginar suas palavras são naquela sua cozinha minúscula debaixo da escada da sua casa.

Era a terceira cozinha que você fez o vô construir na casa. A menor de todas para não dar tanto trabalho de limpar. Cabiam no máximo duas pessoas. E ali naquele cubículo,  você era tão feliz. Reinando entre suas panelas.

Pena que um dia a vida te tirou do seu mundinho. Outras cozinhas e menos receitas. E você foi perdendo por esse mundão a alegria das palavras meladas e cheias de diminutivos.

Espero, onde quer que você esteja,  que retome a receita da sua felicidade. Mas que ela seja muito maior que qualquer espaço.

Seja muito feliz, não tenha medo, siga em frente! Eu te amo para todas as vidas.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

A saudade mora com o diabo juntos nos detalhes.  Eles me chamaram para uma visita hoje, quando precisei tanto ter a quem chamar, no meio do dia, para reclamar um pouco e rir da vida.

A saudade me serviu café e o diabo me fiou dois dedos de prosa.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Morar sozinho, a solidão não mata.  Mata é não conseguir abrir o vidro de palmito. Ou cortar o dedo e esguichar sangue por toda casa, sem ninguém para procurar um band aid. Ou ter a maldita pia cheia de louca sem ter com quem discutir quem vai lavar. 

Do mais, é só um jeito de morar. Palavra de quem morou junto e foi solitário.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

exposta

Enquanto houver sangue e fratura exposta, todas as teorias de auto suficiencia humanas devem ser revistas.