sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Coração botando ovo

"Minha saudade é tanta que meu coração parece uma galinha. Ele vai sair correndo pela sala e eu não vou conseguir alcançar".

Dele, que fez meu coração parecer um pintinho carente

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Zécutiva: roupa suja a gente fala mal em casa

Sinto frio na espinha toda vez que sou solicitada a dar referências de ex-funcionários para possíveis contratantes. À parte os casos de pessoas com comportamentos condenáveis gritantes - falta de ética, falta de compromisso, desrepeito - detesto esse poder de interferir na avaliação de outra pessoa. Alguém que não se adapta num contexto, pode muito bem ser a solução em outros lugares.

Assim como nos casamentos, a maioria dos contratos termina por que alguma coisa deixou de funcionar. Mas falar mal de ex a gente só faz entre amigos. A não ser aqueles casos que o ex é a encarnação do traste.

Redes de relacionamento profissional, sites de empregos dão espaços para que profissionais referenciem-se uns aos outros. É um banho de elogios. Nunca vi ninguém comentar: fulano atrasava todo dia, tinha problemas de relacionamento terríveis com a equipe, não respeitava prazos. É só babação de ovo.

São frequentes os casos em que me sinto ex-mulher com poder de decidir o destino de ex. É só um gaguejar de palavras muito bem medidas, quando o ex-funcionário não cometeu nenhum pecado capital, apenas não rolou por uma divergência de interesses. Além disso, se uma pessoa que trabalhou há 5 anos atrás comigo pode ter melhorado, piorado e até mudado de sexo. Quem sou eu para condenar ou promover um ser por um intervalo de tempo que convivi com ele no passado?

Não significa que seja uma santa com a equipe. Em geral, tenho que me controlar para não criticar exageramente, não ser dura. Mas é sempre aquela história, roupa suja se lava em casa. Se for lavar em outro tanque, fica de olho por que não serei eu a apontar as manchas.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Confeitaria sentimental

"Moço: toda saudade é uma espécie de velhice." 
Guimarães Rosa

Sou massa de saudades. Elas fermentam e transbordam disformes. Queimam nas bordas mas mantêm-se cruas por dentro.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Arriando as calças da consciência

Embora exiba renovadas idéias e comportamentos, como roupas novas e descoladas, ainda me frustro quando me deparo com as calcinhas furadas dos meus mais antigos desejos. São peças vexatórias e puídas. Mas são confortáveis. Ou recebidas de alguém em algum momento e guardadas no fundo da gaveta. Como aquele presente de tia, que você nunca vai usar, mas não doa achando que um dia vai encarar.

Toda vez que arrio as calças da minha consciência, eu me envergonho. Ela é brega e completamente fora de moda. Insiste em uns modelões de arrepiar qualquer bom senso.

 

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Feliz por um triz

É isso, mas depois a gente comenta. Bibelô em música da minha xará linda Juju Fina Flor, phiníssima por sinal:

Feliz por um triz

Sou feliz por um triz
Por um triz sou feliz

Mal escapo à fome
Mal escapo aos tiros
Mal escapo aos homens
Mal escapo ao vírus
Passam raspando
Tirando até meu verniz

O fato é que eu me viro mais que picolé
Em boca de banguelo
Por pouco, mas eu sempre tiro o dedo - é
Na hora da porrada do martelo
E sempre fica tudo azul, mesmo depois
Do medo me deixar verde-amarelo
Liga-se a luz do abajur lilás
Mesmo que por um fio de cabelo

Sou feliz por um triz
Por um triz sou feliz

Eu já me acostumei com a chaminé bem quente
Do Expresso do Ocidente
Seguro que eu me safo até muito bem
Andando pendurado nesse trem
As luzes da cidade-mocidade vão
Guiando por aí meu coração
Chama-se o Aladim da lâmpada neon

E de repente fica tudo bom