quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Sobre os cagaços da vida


Jan Saudek


Medo de falhar, perder pessoas, ficar doente, faltar dinheiro, não ter amigos, esquecer de sorrir, piorar quem sou, não aproveitar a vida. Medo, medo, medo. Sacodem os lençóis, amargam a comida, afundam minhas olheiras.

Para ser leve, não leve os seus medos. Para não ter medo, leve apenas o que pode ser mudado.

Para ser leve... Que medo de não conseguir!

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015



A poesia está guardada nas palavras 
- é tudo que eu sei.
Meu fado é o de não saber quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades.
Não tenho conexões com a realidade.
Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.
Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias
(do mundo e as nossas).
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
Fiquei emocionado e chorei.
Sou fraco para elogios.

Manoel de Barros

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Des-amores

Remoer amores frustrados é como procurar num quarto, há muito fechado, algo precioso que não está mais lá. Nos meus cômodos bagunçados, só encontro pedaços de quebra-cabeças que não se completam. Sempre faltou ou sempre se perdeu, ficaram peças de mim coloridas pelos cantos de outras pessoas. Com todas elas, encontram-se pedaços de mim que um dia tanto me foram caros.

Sou conversas não proferidas, mensagens apagadas, e-mails não enviados, desejos não realizados. Daquilo que foi é o que sou. Sou o que se perdeu.


quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Dá um curtir no Coisa Ruim

De um amigo pesquisador das ciências sociais: "até o diabo está exigindo Facebook. Nenhum grupo de satanismo quer me atender por que eu não tenho perfil na rede social".

É de se pensar...

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

A cura de ser grande

A mais linda cura é voltar à seriedade da infância. Posso ler esse poema centenas de vezes, e em todas essas meu coração vai apertar.


¨ORFANDADE¨

Adelia Prado

"Meu Deus,
me dê cinco anos.
Me dê um pé de fedegoso com formiga preta,
me dê um Natal e sua véspera,
o ressonar das pessoas no quartinho.
Me dê a negrinha Fia pra eu brincar,
me dê uma noite pra eu dormir com minha mãe.
Me dê minha mãe, alegria sã e medo remediável,
me dá a mão, me cura de ser grande.
Ó meu Deus, meu pai,
meu pai..."