quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Para os dias de luto

A Ponte


Composição: Elton Medeiros/Paulo Cesar Pinheiro

Chora
Põe o coração na mesa
Chora
Tua secular tristeza
Tira o teu coração da lama
E chora
A dor santa e a dor profana
Que Deus proteje a quem chora
Por toda tristeza humana

O homem é sempre só
O fim é sempre pó
Ninguém foge do nó
Que um dia a vida faz
Por isso chora em paz
Que a lágrima que cai
É a ponte entre mais nada
E outra vida mais

(E Deus proteje a quem chora)

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Outra pergunta importante

"Quando uma aranha tece uma bela teia, a beleza vem da própria natureza da aranha; é uma beleza instintiva. E quanto da beleza da nossa própria vida é a beleza de estar vivo e quanto é uma intenção consciente? Essa é uma pergunta importante".

Joseph Campbell

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

E a vida o que é, diga lá, meu irmão

Um céu sem arco-íris. Exposição Pinacoteca de SP.


Na ciência, bons experimentos começam com boas perguntas. Na vida, longas semanas começam com péssimas perguntas, do tipo qual é o sentido para isso tudo. Todas as ciências deveriam reconhecer os avanços proporcionados pelas reflexões de segundas-feiras.

A Teoria do Big Bang deve ter sido formulada numa segunda-feira, dia em que dá vontade de explodir tudo. Bem como a Teoria da Relatividade. Einstein percebeu como nesse dia o tempo passa tão devagar em relação ao final de semana. Freud deve ter descrito boa parte de suas teorias de repressão psicológica na segunda-feira.

De qualquer modo, questões filosóficas sempre me infernizaram, independente das segundas-feiras.  E a busca de respostas para o sentido de dias que se enfileiram tem se tornado cansativa. 

‎"Dizem que o que todos procuramos é um sentido para a vida. Não penso que seja assim. Penso que o que estamos procurando é uma experiência de estar vivos, de modo que nossas experiências de vida, no plano puramente físico tenham ressonância no interior do nosso ser e da nossa realidade mais íntimos, de modo que realmente sintamos o enlevo de estar vivos",  simplificou Joseph Campbell, estudioso de mitologia norte-americano.

Talvez seja a vida um arco-íris. Um equilíbrio delicado de circunstâncias. Ninguém questiona a finalidade. É apenas inevitável maravilhar-se com o resultado. Uma ilusão de óptica dependente da posição do observador, impossível localizar onde começa ou termina.

Convido minha alma a abafar a curiosidade e apenas deleitar-se com as cores da paisagem.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Moça em Sampa: Pinacoteca de São Paulo

Para dias de olhos famintos, a Pinacoteca de São Paulo é lugar para saciar sentidos e apaziguar pensamentos num banho de luz e formas que lava a alma.

Num sábado pela manhã, um passeio pelos corredores da Pinacoteca produziu as imagens, a seguir, que a minha humilde câmera de celular puderam captar.


Inaugurada em 1905,  a Pinacoteca, atualmente, ocupa o prédio inicialmente construído para abrigar o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. A edificação tem jeito templo e interiores de fábrica, cercada pelo Parque da Luz e a Estação da Luz.

 



A tarefa do museu contemporâneo é reafirmar a individualidade, espiritualidade e o homem como agente criador único e insubstituível, segundo apresentação da própria instituição. E, principalmente, a forma humana está ali delicadamente recriada.

 


A visita vale como homilia estética e comprova que, na arte, o humano também é lugar do sagrado.



Pinacoteca do Estado de São Paulo - Praça da Luz, 2 São Paulo, SP - Tel. 55 11 3324-1000

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Aviso de ordem de despejo

Nos últimos meses, fui tomada pela vontade de me entregar a conhecimentos inéditos. Por três meses, virei piloto de aulas-testes, em diferentes escolas de dança, yoga, pilates. Até me encontrar, rodei horas de aulas que renderiam um guia sobre como ser um praticante de aulas-testes na cidade de São Paulo.

O corpo físico e sedentário agradeceu. Daí o espírito exigiu atenção. Foi nova saga. Terreiros, bruxas, templos, terapia no consultório e aqui no blog. Até encontrar práticas que me satisfizessem, cogitei tomar o Daime e pular de para-quedas, em seguida.

Corpo e mente se ocuparam, mas seguiram inquietos.  Ainda me enfio em práticas malucas e sem sentido. A última me rendeu um banho de energia pesadíssima. Finalmente, minha alma mais que cansada cogitou despejar essa inquilina barulhenta e inquieta de mim mesma.

Só tenho a pedir à proprietária que me perdoe e me permita mais algum tempo. Não tenho fiador a recorrer, mas conto com o crédito acumulado pela nossa convivência até então. Aceito penalidades. E prometo cuidar direitinho dos nossos bens. Mas por favor, vamos esquecer definitivamente essa ordem de despejo e renovar nosso contrato, ok?

Torçam por mim ou me indiquem uma imobiliária de almas e um bom corretor. No momento, não faço idéia para onde iria.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Receitinha para emagrecer




Coma de tudo, só não engula.

Sábio conselho ouvido numa coluna de Salomão Schvartzman, na Rádio Band News FM.  

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Filsofia de cristaleira



Ser feliz é quebrar o copo e libertar o vazio que o preenche. Ou entender que copo vazio também está cheio de ar.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Zécutiva hidratando a libido da equipe


Na janela, ao lado do bebedouro do escritório, é possível espiar os rapazes da empresa do outro lado da rua. No final do expediente, eles passaram a malhar numa academia improvisada, entre as mesas de trabalho. Com direito a arrancar a camisa e fazer pose.

Foi o programa de saúde na empresa mais barato e simples que eu já conheci. Desde então, a mulherada aqui anda muito mais hidratada e inspirada.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

A rabiola e uma quase lição de desapego



Orgulhosa que estava com a pipa. Era de plástico, com uma linda boneca desenhada. E uma rabiola enorme de tiras plásticas coloridas. Corria no quintal para empinar o brinquedo. Mas me interessava mais ouvir o plástico do rabo colorido arrastando nas lajotas verdes.

Assistindo aquele sem fim de corridas sem vôo, meu avô cortou a rabiola. Sem o membro desproporcional, ele me mostrou orgulhoso a pipa voar alto.  Eu vi minha pipa, lá no alto, bem longe de mim tão pequena e presa ao chão. Chorei, gritei.

Como castigo, fiquei sem almoço e fui mandada para o quarto. Ali presa, debrucei-me na janela para espiar outras pipas no céu. Encarapitada perigosamente no segundo andar da casa, fui surpreendida pela empregada, que lavava roupa no quintal. Negra que era, empalideceu e gritou: acode que a menina vai pular lá de cima.

Nesse dia, eu quase aprendi que tem coisa feita para voar para longe da gente, já que se for coisa querida, a gente se amarra pesadamente como a minha rabiola. Pois depois dos berros, em pouco tempo, ganhei a atenção de olhos assustados, o almoço e a promessa de nova e gigantesca rabiola.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Feliz Desaniversário


Encerro o pior e melhor ano da minha vida. Quem chega até aqui é muito mais perfeita que aquela que começou a jornada arrastando pedaços pelo caminho. 

Quando o trajeto começa por falta de opção, ao menos, opte por uma trajetória incrível. E foi assim. Uma separação violenta, e um ano aprendendo a viver plenamente comigo mesma. Encarei um trabalho árduo, mas encontro paisagens muito mais coloridas.

 Ainda há muito que trilhar. Levando intacta a capacidade de amar. E hoje, já me pergunto como o pior talvez tenha sido o melhor acontecimento no meu crescimento pessoal. Escapismo? Ou aprender com as dificuldades que a vida oferece? Pouco importa.

Inicio o que espero ser um dos melhores anos da minha vida.  Seguindo assim, só por hoje, feliz.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Sobre quebrar a cara

Eu explico a quem perguntar que caí de moto, uma Harlley linda. Mas o Ministério da Saúde adverte: não misture álcool com yoga. Não tente fazer demonstrações idiotas em eventos familiares. O resultado é um ralado gigante na testa e no nariz.

Foi um lembrete. A qualquer momento, estou apta a quebrar a cara. Mas tudo cicatriza. E rende histórias.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Exercício de ser feliz

"Não faça do hábito um estilo de vida" orientou Clarice Lispector. Tenho o hábito de não cultivar hábitos mas, ultimamente, abri uma exceção. O único hábito que eu cultivo é ser feliz.