segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

À francesa para 2015



Saindo à francesa de 2014, para evitar que ele me segure um pouco mais com suas complicações e perrengues. Ano pouco arejado, com péssima localização, sem vista panorâmica, meses mal distribuídos, espaço de lazer restrito e sol batendo muito pouco. Mas fica a crença no potencial de 2015, ou vamos ter que quebrar tudo e reformar o ano.

Caminhão de mudança carregado rumo à 2015. A gente se vê por lá.





Minha mãe de vez em quando me pede para escrever algo bem bonito para ler em algum evento familiar. Mas meus textos nunca saem sob encomenda. Então, sempre a frustro por não escrever para emocionar a família no momento do brinde do Natal.

Eu tentei. Mas acho que o texto acima não faria a alegria da minha família festiva e ultra chapada na virada do ano. Se fosse fácil assim, teria seguido a carreira de jornalismo. Eu só escrevo um mísero blog, mamis.



sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Tô voltando

Eu podia estar roubando, bebendo, me divertindo, malhando para tentar ficar gostosa, mas passei um ano e meio estudando gestão financeira. Coitada! Ontem eu fiz a última prova da minha renomada (nem tanto) pós-graduação.

Foram muitas contas refeitas na minha HP12C por que meus dedos gordos sequer acertavam as teclas. Para quem errava em regra de três, já pago de gatinha sacando minha calculadora para calcular o retorno do investimento (mentira, calculo coisas bem mais básicas).

E como se tivesse passado um tempo buscando água em Marte (exagerada), põe meia dúzia de Brahma pra gelar, que eu tô voltando para vida!

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Curto circuito

Posso dizer que já não te espero para trocar o soquete da lâmpada que está em curto. Por que dessa língua não entendo, só entendo a minha vontade de quase te fazer necessário. Mas o telefone do faz-tudo está na pendurado na porta da geladeira.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Cova coletiva

Toda vez que alguém escreve mais invés de mas uma fada morre. Se for em e-mail para diretoria, o homicídio tem agravante.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

O ego, as mãos e a vida

Por que ambas as mãos estão unidas, a mão esquerda não golpeia a direita para vingar-se quando a direita erra o prego e golpeia a mão esquerda que segurava o prego. Por sua vez, a mão direita cuida da esquerda machucada e não lhe exige recompensa futura. Segundo ensinamentos do mestre Thich Nhat Hanh, isso só é possível por que ambas as mãos não se discriminam.

É só a mente que discrimina a mão direita da esquerda como partes separadas de um todo. É ela também que pode confundir uma mancha na parede com uma aranha e me causar um medo tão real como se fosse realmente um animal na parede. E entre confusões e medos (que sempre podem ser questionados o quão reais são), o que eu penso do mundo me faz sofrer o tempo todo se não usar sabedoria.

O envelhecimento, as doenças, as mortes são partes da natureza da vida. Mas nossa mente apegada às nossas experiências de bem-estar e felicidade está sempre nos causando sofrimento quando algum desses "problemas" nos visita. É ela que discrimina eventos naturais como fontes de sofrimento.
 
Metendo os pés pelas mãos
 
Para amadurecer a nossa sabedoria e nos proteger do sofrimento precisamos olhar essas experiências de frente e aprender com elas. E assim, pode ser mais leve o dia a dia de quem envelhece, adoece, perde, se desaponta, ou seja, todos nós. Por que se a natureza humana em si é causa de sofrimento, só vou encontrar a minha felicidade quando dominar a minha paz mental.

"Nossa motivação para o processo de transformação vai crescer na medida em que desistirmos da operação usual de sustentar a energia manobrando condições externas, por meio de identidades, bolhas e jogos sutis que tentamos ganhar. Precisamos observar, de novo e de novo, como isso nunca funciona. Em nós e nos outros. O tamanho do buraco é muito maior do que imaginamos. Para qualquer que seja sua busca de felicidade condicionada, guarde esse mantra no coração: não… vai… dar… certo… não… vai… dar… certo… não… vai… dar… certo…". Esse trecho do texto do Gustavo Gitti traduz o fracasso a que estamos fadados ao apostarmos todas as fichas no mundo exterior.
 
Dando a mão à palmatória
 
É duro admitir mas meu crescimento interior certamente mais floresceu em momentos de grandes crises: fracasso nos relacionamentos, dificuldades profissionais e financeiras, perdas, mortes e agora a doença da minha mãe, certamente, uma das pessoas mais importantes na minha vida. Com ela, estou encarando os maiores medos como a perda, o sofrimento de quem se ama, a transformação dolorosa do seu corpo, a solidão. E meu sofrimento por ela, também em parte é o sofrimento por mim que também estou sujeita às mesmas dificuldades que ela vem atravessando com muita sabedoria.

Se não vai pelo amor, vai pela dor, diz o ditado. Pela dor, lado a lado com o amor, finalmente estou aceitando que não vai dar certo do jeito que eu queria. E estou livre para repetir outro mantra: não brigue com a vida, apenas lide com ela. Como a mão esquerda que não castiga a direita quando ela lhe causa problemas, quero apenas dar as mãos aos meus problemas e conduzi-los da maneira mais amorosa possível, olhando-os nos olhos e aprendendo o máximo que puder aprender.



sábado, 6 de dezembro de 2014

Carta para a mãe da gente que fica doente

Mãe,

Enquanto a gente raspava os seus cabelos, lembrei daqueles dias, em que sentada na tampa fechada da privada, aguardava impacientemente você me aprontar para mais uma festinha da escola. Eu  ficava meio japonesa de tão puxados os cabelos num coque perfeitamente centralizado, que você ficava horas aplainando. E depois a maquiagem. Quando vejo as fotos da época, sempre me acho a cara do Ney Matogrosso, no Secos e Molhados. Não podia ser melhor.

Era um tempo muito bom. Com meu capacete de aço de laquê, era como se a vida tivesse a garantia que nenhum fio sairia do lugar. E se dependesse da sua base de gel Bozzano (nunca vou esquecer aquele cheiro) e dos jatos poderosos de laquê, nada nunca daria errado mesmo. Mas a vida não é a festa de final do ano do ballet da tia Paula Castro.

Um dia vem a perda, a mudança, nos outros vem a morte, e agora veio a sua doença. Te tirou os cabelos, mas não tirou a beleza, te tirou um pedaço, mas te deixou ainda mais inteira. Confesso que me tirou os papéis, eu sempre fui cuidada, e hoje, percebo que não sei como cuidar de você. E nem de mim, sem você. Eu tento apenas ser menos atrapalhada e te dizer as melhores coisas.

Hoje, só quero dizer que tudo vai dar certo. Logo, iremos rir de tudo isso. Será uma história de vitória contra um câncer. De um grande susto, de mais uma mudança repentina. Será mais uma das nossas histórias, em que, no final, todos acabam transformados, mas bem.

Estou aprendendo finalmente a lidar com a vida, e não mais brigar com ela. Tive muito medo de te perder e agora só posso agradecer que você vai ficar curada. Dessa forma, estou aprendendo a ser mais paciente, ser feliz. E finalmente, estou tentando ser resiliente, como os seus coques que, por mais que eu virasse de ponta-cabeça, sempre voltavam para o lugar, acredito que tudo vai ser como sempre foi: juntas, saudáveis e felizes.

Beijo,
Juju Balangandan