sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Desejos na despedida

Que a dor esgote, assim como as palavras.
Que nosso amor transborde e adoce essa saudade.
Que a intensidade da breve felicidade reverbere sempre sua presença.
E que a vida volte a um amanhecer ensolarado que nos ilumine como o seu sorriso.

Adeus, pequeno.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Esfregando carambola na cara da sociedade

Esse blog foi criado para desabafos e impressões mais íntimas de mim para mim mesma. Algo tão complexo e profundo que, segundo o Google, uma das expressões que mais traz visitantes a esse espaço é mulher carambola.

Sente o drama e SIMATA, mulher banana! 

Deus e o diabo no menu do jantar

Deus come quieto, mas o diabo lambe os beiços e os pratos, alertou Guimarães Rosa. E de empolgação, a gente acompanha o segundo. Come que se farta da vida. Por fim, contabilizamos o que dá para digerir, arrotamos o necessário e juramos nunca mais encarar a ressaca de não consumir a vida com moderação.

E torcemos para que, ao menos, no cafézinho, junte-se à mesa um anjo. De xícara em punho e mindinho em riste, ele se oferece para tirar os pratos e juntar as migalhas. Mas a prevenção dura até a próxima tentação. Por que Deus serve arroz integral com frango, enquanto o diabo prepara costelinhas no mel com pudim de sobremesa.

E só me repito: vai minha filha! Vai ser avestruz na vida, por que você não nasceu para dieta de passarinho.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O portão

O portão da casa da minha avó era um pouco mais alto que eu-menina, arrastando boneca. Quando a noite se pintava de café com leite, diariamente, era proferida a pergunta solene: alguém já fechou o portão? Enquanto um se encarregava da medida, todos na sala ouviam o passar da corrente, quase sem respirar, até o cadeado pender num baque entre as grades. 

Hoje, são tempos de portões automáticos, acionados remotamente, encerrados em voltas entre lençóis ou trancas de Rivotril. Memória é arquipélago. Fiquei nadando em volta daquele portão, depois de um dia longo que parecia não terminar. E eu voltei àquele acerto de contas cotidiano que encerrava e reabria novo dia. Proteção nada ingênua, que minhas noites de insônia vêm ensinando a saudar.