quarta-feira, 9 de março de 2011

Dois cafézinhos e um quebra-cabeças

Quando minha faxineira soube que me tornei budista, foi dar a letra ao seu pastor e voltou horrorizada. Ele a preveniu que budista não acredita em Deus. Em síntese, uma religião pouco auspiciosa a seu ver. E assim, Buda lhe serviu de desculpa até para as barbeiragens que resultaram em objetos quebrados em casa. Tivemos algumas conversas e lhe emprestei um livro sobre o assunto. Sem muitas expectivas.

Na última semana, ela me perguntou como eu estava, enquanto aguardávamos ansiosas pelo café coar no início da manhã. Eu lhe disse que estava bem, muito feliz. E ela prontamente retrucou, é o darma, né? Darma, balbuciei surpresa. É, Lulu, sem dúvida, respondi disfarçando um sorriso, num grande gole de café.

A súbita sensação de realização foi a de encontrar o lugar de mais uma pecinha do quebra-cabeças, não sei se meu ou da simples mulher. Pequenas epifanias são como o aroma do café, tão presente,  nas manhãs apressadas, mas apreciado apenas quando a inspiração é um pouquinho mais profunda.

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