sexta-feira, 23 de julho de 2010

Onde o invisível cega


TVs captam ondas de som e imagem, radares movimentos, ouvidos sons, médiuns mensagens. É preciso de receptores adequados para captar sinais invisíveis.

Debaixo de um lençol vermelho, Alessandro, 31 anos, morador de rua, gemeu e tremeu de dor, estirado na calçada. Muitos pés desviaram da ferida rubra que macularia sapatos. Alguém ouviu o gemido, chamou o resgate, aguardou.

Ambulância chegou, multidão juntou. Alessandro seguiu, invisível. Socorristas removeram com enfado uma casca de ferida que sangrou no coração de quem enxergou.

Condolências à cegueira cotidiana. Melhoras ao Alessandro.

2 comentários:

  1. Muito bem Juju,que bom que ajudou seu irmão e não fez ouvidos moucos.
    Nunca podemos esquecer que somos o braço direito de Deus em sua obra..
    Cafi

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  2. Cafi, não sei se apenas chamar uma ambulância é ajudar. Foi mais uma obrigação cidadã. Fiquei abalada por aquela pessoa e por todos terem feito tão pouco por ela. Esse é o nosso mundo cego.

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