Por que ambas as mãos estão unidas, a mão esquerda não golpeia a direita para vingar-se quando a direita erra o prego e golpeia a mão esquerda que segurava o prego. Por sua vez, a mão direita cuida da esquerda machucada e não lhe exige recompensa futura. Segundo ensinamentos do mestre Thich Nhat Hanh, isso só é possível por que ambas as mãos não se discriminam.
É só a mente que discrimina a mão direita da esquerda como partes separadas de um todo. É ela também que pode confundir uma mancha na parede com uma aranha e me causar um medo tão real como se fosse realmente um animal na parede. E entre confusões e medos (que sempre podem ser questionados o quão reais são), o que eu penso do mundo me faz sofrer o tempo todo se não usar sabedoria.
O envelhecimento, as doenças, as mortes são partes da natureza da vida. Mas nossa mente apegada às nossas experiências de bem-estar e felicidade está sempre nos causando sofrimento quando algum desses "problemas" nos visita. É ela que discrimina eventos naturais como fontes de sofrimento.
Metendo os pés pelas mãos
Para amadurecer a nossa sabedoria e nos proteger do sofrimento precisamos olhar essas experiências de frente e aprender com elas. E assim, pode ser mais leve o dia a dia de quem envelhece, adoece, perde, se desaponta, ou seja, todos nós. Por que se a natureza humana em si é causa de sofrimento, só vou encontrar a minha felicidade quando dominar a minha paz mental.
"Nossa motivação para o processo de transformação vai crescer na medida em que desistirmos da operação usual de sustentar a energia manobrando condições externas, por meio de identidades, bolhas e jogos sutis que tentamos ganhar. Precisamos observar, de novo e de novo, como isso nunca funciona. Em nós e nos outros. O tamanho do buraco é muito maior do que imaginamos. Para qualquer que seja sua busca de felicidade condicionada, guarde esse mantra no coração: não… vai… dar… certo… não… vai… dar… certo… não… vai… dar… certo…". Esse trecho do texto do Gustavo Gitti traduz o fracasso a que estamos fadados ao apostarmos todas as fichas no mundo exterior.
Dando a mão à palmatória
É duro admitir mas meu crescimento interior certamente mais floresceu em momentos de grandes crises: fracasso nos relacionamentos, dificuldades profissionais e financeiras, perdas, mortes e agora a doença da minha mãe, certamente, uma das pessoas mais importantes na minha vida. Com ela, estou encarando os maiores medos como a perda, o sofrimento de quem se ama, a transformação dolorosa do seu corpo, a solidão. E meu sofrimento por ela, também em parte é o sofrimento por mim que também estou sujeita às mesmas dificuldades que ela vem atravessando com muita sabedoria.
Se não vai pelo amor, vai pela dor, diz o ditado. Pela dor, lado a lado com o amor, finalmente estou aceitando que não vai dar certo do jeito que eu queria. E estou livre para repetir outro mantra: não brigue com a vida, apenas lide com ela. Como a mão esquerda que não castiga a direita quando ela lhe causa problemas, quero apenas dar as mãos aos meus problemas e conduzi-los da maneira mais amorosa possível, olhando-os nos olhos e aprendendo o máximo que puder aprender.
Mega texto mocinha. Isso ai encara o touro e mostra a capa.
ResponderExcluirPor falar no Gustavo, já foi à Taketina se libertar? Se não, vamos?
Bj
Paulo
Não fui! Mas topo ir! Quando, quando? Você tem ido aos encontros? Só recebi os convites.
ResponderExcluirTenho somente contato com o Gustavo no O Lugar, conhece? Participei do site nos últimos 3 meses. É incrível o trabalho, a qualidade dos textos e das conversas. Inclusive eles mantêm um encontro de quarta-feira que pretendo aderir em breve. Anima a ir também?
Bj
Juju, assim que eu chegar em Sampa vamos.
ResponderExcluirSe vc tivesse ido já teria cruzado comigo e desfrutado do mega prazer da companhia hehehe
Bj
Paulo
Bora lá, desfrutar do mega prazer... da taketina. Precisa de coordenação motora ou algum tipo de talento? Medo! Bj
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