Comecei a dar aulas num curso de alfabetização de adultos. Digo de boca cheia aos meus alunos que "se enamorem das palavras, contemplem suas sílabas, aproveitem seus sons". E saboreio a delícia de ajudar alguém a escrever o próprio nome, vislumbrando milhares de palavras que dali virão. Ou ensinar-lhes o significado de uma nova palavra.
Sou chamada de professora. Um novo eu que descobri me transbordar de alegria, graças ao encanto da língua. Por que não me sinto à vontade com a frieza de ensinar matemática. O que me importa calcular quanto dinheiro falta ao João, quando podemos formar milhares de palavras com algumas letras?
Sou chamada de professora. Um novo eu que descobri me transbordar de alegria, graças ao encanto da língua. Por que não me sinto à vontade com a frieza de ensinar matemática. O que me importa calcular quanto dinheiro falta ao João, quando podemos formar milhares de palavras com algumas letras?
De uma colega escritora, ouvi que só falta eu me assumir escritora. E logo que ela falou, minhas bochechas coraram como se eu estivesse presenciando um momento de fecundação. Não sei se meu eu escritora de fato vinga. Por que a minha escrita não tem arquitetura e nem gestação. É um mero puxadinho do meu coração.
Nenhum comentário:
Postar um comentário