“Há situações, é claro, que te deixam absolutamente sem palavras. Tudo o que você pode fazer é insinuar. As palavras, também, não podem fazer mais do que apenas evocar as coisas. É aí que vem a dança.”
Pina Bausch
domingo, 29 de junho de 2014
sexta-feira, 27 de junho de 2014
Tanto quanto
Você corre tanto e nunca tem tempo. Fala tanto o que pensa e se sente idiota. Faz tanta dieta e não entra na calça. Sente tanta saudade mas não telefona. Pensa tantas coisas que não realiza. Gosta tanto mas não demonstra. Coleciona tantas receitas mas não cozinha. É tanta coisa que a vida fica um tanto pequena.
Tanto querer é ser feliz quanto?
Tanto quanto ser feliz é querer menos.
terça-feira, 24 de junho de 2014
Por menos memória
"No meu planeta natal não há muito a dizer, a memória é coisa curta, a conversa directa ao assunto e, talvez por isso, os habitantes andam quase sempre sorridentes e pouco zangados. Nada, ou quase nada, lhes lembra tristeza porque não se lembram de quase nada; e porque não deixam que as poucas palavras que usam (por saberem poucas) lhes enredem os pensamentos em paradoxos e contradições; a maior parte deles, dos pensamentos, não são grandes e solenes, como os dos super-homens e mulheres daqui, são antes pequeninos pensamentos e por isso pensamentos muito livres e felizes.
Mas a grande diferença entre este planeta e o meu planeta natal é a memória. Os habitantes do meu planeta natal têm pouca memória. Quiçá por serem menos prolixos, por terem menos léxico, no meu planeta natal cita-se pouco. A memória, coisa a que nada escapa, é outro dos superpoderes deste planeta. No meu há menos memória, inventa-se mais. Inventam-se vidas, histórias, passados. É um planeta onde não há História, só há ficção. Todos os dias a História é diferente, reinventada".
Do Escrever é triste de Rakan Ben Zolof 25, codinome Pedro Bidarra
Mas a grande diferença entre este planeta e o meu planeta natal é a memória. Os habitantes do meu planeta natal têm pouca memória. Quiçá por serem menos prolixos, por terem menos léxico, no meu planeta natal cita-se pouco. A memória, coisa a que nada escapa, é outro dos superpoderes deste planeta. No meu há menos memória, inventa-se mais. Inventam-se vidas, histórias, passados. É um planeta onde não há História, só há ficção. Todos os dias a História é diferente, reinventada".
Do Escrever é triste de Rakan Ben Zolof 25, codinome Pedro Bidarra
domingo, 15 de junho de 2014
A sós
Preciso de tempos em tempos ficar só. Não proferir palavra para ouvir minha voz. Não me olhar no espelho para saber como sou. Não tentar ser nada para sentir quem sou. Não buscar e achar. Não olhar e enxergar. E me segurar para não gritar: meu deus, eu sou uma fraude.
segunda-feira, 9 de junho de 2014
Era tão bonito andar na cidade de São-Pau-lo
A tênue linha que separa o caos do caos às vezes entorta. Minha pobre São Paulo. Nunca pensei que um dia quisesse te deixar. Mas seus cidadãos deram lugar à uma horda de sobreviventes.
sexta-feira, 6 de junho de 2014
Guarda-sonhos
Como aquele guarda chuva lindo que você investe e jura que vai tomar cuidado, assim são os sonhos. Eles simplesmente se perdem.
Reforçados ou sombrinhas chinesas adquiridas aos montes, guarda chuvas e sonhos devem ter uma realidade própria onde convivem, depois que desaparecem, juntamente com os isqueiros.
Você até tenta sobreviver um bom tempo sem eles. Mas acaba vencido pelas tempestades. Sobra sempre aquele guarda chuva estropiado, todo remendado. É ele quem vai te abrigar. Por que guarda chuva e sonho é que te escolhem. Ou você aprende a gostar da chuva*.
* Linda observação da Lu que anda sempre com Borboletas nos Olhos
quinta-feira, 5 de junho de 2014
Salva vida
Estava se afogando nas palavras, quando finalmente uma frase a puxou pelo braço. Do fundo do seu silêncio, aspirou o vento gelado de uma folha branca.
Agarrou-se em exclamações e travessões, evitando as interrogações que afundavam. Flutuou até a orla de tudo o que não havia dito.
Largou-se sob o sol quente de parágrafos ordenados. Vomitou todas aquelas palavras que lhe sufocavam.
Sobrevive, sem a ajuda de ansiolíticos. Passa bem, ela acredita que um dia ainda vai acreditar nisso.
Agarrou-se em exclamações e travessões, evitando as interrogações que afundavam. Flutuou até a orla de tudo o que não havia dito.
Largou-se sob o sol quente de parágrafos ordenados. Vomitou todas aquelas palavras que lhe sufocavam.
Sobrevive, sem a ajuda de ansiolíticos. Passa bem, ela acredita que um dia ainda vai acreditar nisso.
quarta-feira, 4 de junho de 2014
37 razões
São 37 motivos de desamor, listados num papel amarrotado, em caligrafia triste de caneta azul.
Revisados para que nenhuma de suas falhas perdoasse a minha saudade.
De cor, ação para te tirar do coração. Por que desamor é engenharia, enquanto amor é decoração.
Quase 4 dezenas de razões para me esquecer que não precisei de um motivo sequer para um dia amar você.
terça-feira, 3 de junho de 2014
segunda-feira, 2 de junho de 2014
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