quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A rosa-dos-ventos da vida

E foi assim com Fernando. Uma luz intensa mas tão breve que fomos nós que ficamos recém-nascidos.  Recém tocados pela impotência. Engatinhando no luto. Provando a fragilidade da vida.

Fernando, tão pequeno, de alguma forma foi mestre. Ensinou-nos na prática o amor e a transitoriedade. E a vida agora não se explica, apenas esgota-se. E para esgotar, tem que desaprender a decepção, a revolta, o desancanto e o desamparo. Viver lições pachorrentas de paciência e aceitação.

Escrevo para mapear em palavras algo que ainda não encontro em sentimentos. Por que talvez seja a vida uma grande aula de cartografia. Apresentando-nos sempre novos lugares para serem interpretados.

Sempre odiei meus cadernos de cartografia, no colégio, percebo que era falta de imaginação. Não enxergava nos mapas a realidade que representavam, como não imaginei que passaria por tanto desnorteamento. Queria um GPS que funcionasse e me levasse ao menos uma vez ao lugar que planejei.

Mas viver é um desbussolamento só.

Depois de um dia de sol, pode-se esperar pelas estrelas. A lição amarga é adoçada pela constelação de lembranças que nos guiam para seguir a navegação.